“Tu és…” — O Nome que Deus Revela na Missão

1. Lectio (Leitura)

“Já não te chamarás Abrão, e sim Abraão, porque te constituí pai de uma multidão de nações.” (Gn 17,5)

“Tu és Simão, filho de João. Tu te chamarás Cefas — que quer dizer: Pedra.” (Jo 1,42)

“Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja.” (Mt 16,18)

A Palavra é clara. Deus intervém na vida de Abrão, de Simão, e em ambos os casos muda o nome ao dar missão. Eles não buscam esse novo nome; recebem-no. Eles não escolhem seus papéis; escutam e obedecem. Com o novo nome, recebem não apenas uma tarefa, mas uma identidade nova, moldada pelo próprio Deus.

2. Meditatio (Meditação)

Quando Deus chama, Ele nomeia. Quando nomeia, envia.

Abrão se torna Abraão quando Deus o constitui pai de povos — uma paternidade espiritual, abrangente, fundadora. Simão se torna Pedro quando Jesus o estabelece como pedra — um fundamento vivo, sobre o qual a Igreja será edificada.

O nome não é um título simbólico. É uma marca divina. É a expressão de uma realidade espiritual. Santo Agostinho comenta que “Deus muda os nomes quando muda os destinos” (Cidade de Deus, XVI, 26). E esse destino sempre aponta para uma missão eclesial.

Assim também ocorre com os papas. Ao serem eleitos, deixam seu nome civil e recebem um nome novo, em analogia direta com Pedro. É sinal da missão confiada, não por carne ou sangue, mas por Deus que age na Igreja. Como Simão recebeu de Cristo o nome Pedro para pastorear o rebanho, cada sucessor na cátedra romana recebe um novo nome para configurar-se ao serviço universal da Igreja.

Santo Leão Magno escreve: “Pedro não cessa de presidir à sua Sé, e conserva perene aquela firmeza da pedra que recebeu de Cristo” (Sermão 3). O nome de Pedro não é enterrado com Simão, mas permanece vivo no ministério de cada papa. É o nome da missão apostólica universal.

3. Oratio (Oração)

Senhor, Tu conheces meu nome verdadeiro. Aquele que não inventei, nem recebi dos homens, mas que está escondido contigo desde o princípio.

Dá-me ouvidos atentos como os de Abraão, para escutar quando me chamares pelo novo nome. Dá-me fé firme como a de Pedro, para sustentar o que me confiares. Que eu saiba dizer “sim” quando revelares quem sou aos Teus olhos.

Concede à Tua Igreja pastores que aceitem, com humildade e coragem, o nome que dela espera. Que os papas, teus servos, levem no nome escolhido o peso e a beleza da missão confiada, em continuidade com Pedro, cuja fé não falhou.

4. Contemplatio (Contemplação)

O nome que Deus dá é sempre missão. Não há verdadeira identidade sem envio. Quem escuta o chamado de Deus, recebe uma nova direção. Não caminha mais por si mesmo, mas em nome d’Aquele que o envia.

A vida cristã, portanto, é também um caminho de transformação de nome. Não no sentido externo, mas no mais profundo. O que Deus nos chama é o que realmente somos.

No Papa, a Igreja reconhece esta dinâmica: alguém é chamado, escolhido, renomeado, e enviado como sinal visível da unidade e continuidade apostólica. Como Pedro, cada papa é chamado a morrer para si mesmo e viver para Cristo e para o rebanho.

Santo Gregório Magno, ao comentar sua própria eleição como papa, disse: “Fui chamado a ser vigia, mas ainda estou aprendendo a vigiar meu próprio coração” (Regra Pastoral, I). O novo nome não é um trono — é uma cruz. Mas uma cruz gloriosa, porque leva a Igreja inteira com ela.


“Ao vencedor darei um nome novo, que ninguém conhece, senão aquele que o recebe.” (Ap 2,17)


Oração pelo novo Papa, Leão XIV

Senhor Jesus Cristo, Pastor eterno das almas, que chamaste Simão para ser Pedro, pedra viva da Tua Igreja, nós Te bendizemos por nos dares hoje Leão XIV.

No silêncio do Conclave, falaste. No meio da Igreja, nomeaste. No coração do Teu povo, acendeste de novo a esperança.

Concede a Leão XIV a firmeza de Pedro, a mansidão de João, a sabedoria de Leão Magno, e o zelo de Gregório. Que seu nome, escolhido em oração, se torne sinal de fidelidade, coragem e renovação.

Guarda-o de todo escândalo, fortalece-o no serviço, enche-o de Tua luz para discernir, de Tua força para agir, e de Tua caridade para pastorear. Que sob sua guia, a Igreja avance unida, sem medo, ao encontro dos tempos, sem romper com sua raiz.

Por Cristo, com Cristo, em Cristo. Amém.


Saudação ao início do Pontificado de Sua Santidade, Leão XIV

Salve, Leão XIV!

Filho da Igreja, servidor dos pobres, irmão dos santos, sucessor de Pedro.

Receba neste nome novo, Leão, a coragem dos que rugem pela justiça, a vigilância dos que protegem o rebanho, a dignidade dos que servem sem cessar.

Sua missão é grande porque não é sua — é de Cristo. Sua palavra terá peso porque ecoará a Palavra. Sua cruz será leve se for levada com amor. E sua alegria será plena se for partilhada com o povo.

A Igreja se alegra, ora e caminha contigo. Que São Pedro interceda, que Maria o proteja, que o Espírito Santo o conduza.

Ad multos annos, Leão XIV. A pedra permanece.

Sair da versão mobile