Vivendo a comunhão na alegria e na dor
1. Lectio (Leitura)
“Alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que choram” (Romanos 12,15).
São palavras do apóstolo Paulo dirigidas à comunidade cristã em Roma, mas que ecoam até nós hoje, como um chamado a uma vida verdadeiramente eclesial — ou seja, uma vida vivida em comunhão.
Neste trecho, São Paulo convida cada membro do Corpo de Cristo a participar profundamente das experiências dos irmãos, solidarizando-se com suas alegrias e sofrimentos, como membros vivos de um só corpo (cf. 1Cor 12,26). Não somos ilhas, mas partes de uma família: a Igreja.
2. Meditatio (Meditação)
Em tempos de dor, como a perda de um pastor — por exemplo, a morte de um papa — somos chamados a sofrer juntos, como filhos que choram a partida de um pai. Não se trata de tristeza sem esperança, mas de um lamento cheio de fé, que reconhece a beleza da missão cumprida.
Assim também, em tempos de alegria — como a celebração da Páscoa, a ressurreição do Senhor — somos convidados a nos alegrar não apenas por nós mesmos, mas com toda a Igreja, pois “se Cristo ressuscitou, ressuscitamos com Ele” (cf. Cl 3,1). Nossa alegria é eclesial, comunitária, e não meramente individual.
“A alegria dos outros é minha alegria, o sofrimento dos outros é meu sofrimento. Ninguém vive para si mesmo.”
— Santo Agostinho, Sermões
As particularidades da nossa história, cultura ou mesmo espiritualidade pessoal não devem nos separar, mas enriquecer a comunhão. A diversidade, quando vivida em Cristo, torna-se harmonia.
“Na Igreja tudo é de todos. O que é meu é teu, o que é teu é meu. Sofro com tua dor, alegro-me com tua graça.”
— São João Crisóstomo
3. Oratio (Oração)
Senhor Jesus, ensinai-me a viver como membro verdadeiro do Vosso Corpo.
Dai-me um coração compassivo, que se alegra sinceramente com os que se alegram e chora de verdade com os que sofrem.
Que eu não me feche na minha dor nem me ensoberbeça na minha alegria, mas saiba viver em comunhão com os irmãos, como Tu viveste entre nós.
“Amar é partilhar. Partilhar a dor do outro é oração silenciosa, é liturgia vivida.”
— Santa Teresa de Calcutá
Que possamos viver como uma verdadeira família: chorando juntos diante das cruzes da vida, e dançando juntos diante das vitórias da ressurreição.
4. Contemplatio (Contemplação)
Permaneçamos alguns instantes em silêncio…
Imaginemos o olhar de Cristo sobre a Igreja: Ele contempla cada filho com ternura.
E deseja que tenhamos um só coração e uma só alma (cf. At 4,32).
Deixemo-nos envolver pelo Espírito que une, cura, consola e alegra.
5. Actio (Ação)
Hoje, proponho:
- Rezar por alguém que esteja sofrendo.
- Celebrar a alegria de alguém próximo, mesmo que eu esteja em um momento difícil.
- Lembrar que minha fé não é vivida sozinho: sou parte da Igreja, sou parte da comunhão dos santos.
“Na alegria e na tristeza, estamos juntos. Na vida e na morte, estamos unidos em Cristo. Isso é Igreja.”
— Papa Bento XVI
PS:
Rezemos pela alma do nosso Santo Padre, o Papa Francisco, que partiu para a casa do Pai, neste dia, 21/04/2025, aos 88 anos. Que Deus lhe dê o descanso eterno e brilhe para ele a sua luz.