A Deus pertence a vingança

1. Lectio (Leitura)
O trecho em Romanos 12,19 diz que:

“Meus amados, nunca procureis vingar-vos, mas deixai a ira de Deus agir, pois está escrito: ‘A mim pertence a vingança; eu retribuirei’, diz o Senhor.”

Neste versículo, Paulo cita Deuteronômio 32,35 para enfatizar um princípio fundamental da justiça divina: a retribuição dos atos injustos cabe ao próprio Deus. A mensagem central é que não devemos nos deixar levar pelo desejo de vingança, pois Deus é o juiz soberano.

2. Meditatio (Meditação)
Diante das injustiças do mundo, é natural sentirmos raiva e o desejo de retribuir o mal recebido. No entanto, este trecho nos convida a confiar na justiça divina e a abdicar do sentimento de vingança. Deus é justo e conhece o coração de cada pessoa; Ele retribuirá conforme Sua sabedoria.

Paulo também nos convida a agir de maneira diferente. Nos versículos seguintes, ele diz: “Ao contrário: se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber.” (Romanos 12,20). A resposta ao mal não é a vingança, mas o amor e a confiança na justiça divina.

Jesus também reforça essa mensagem no Evangelho. No Sermão da Montanha, Ele nos ensina: “Ouvistes que foi dito: ‘Olho por olho, dente por dente’. Eu, porém, vos digo: não resistais ao malvado. Se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra.” (Mateus 5,38-39). Aqui, Cristo nos convida a romper com a lógica da retaliação e a viver no amor, perdoando e confiando na providência divina.

Durante a prisão de Jesus no Jardim do Getsêmani, ocorre o seguinte episódio:

“Então Simão Pedro, que tinha uma espada, puxou-a e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco. Jesus, porém, ordenou a Pedro: ‘Guarde a espada! Acaso não haverei de beber o cálice que o Pai me deu?'” (João 18:10-11)

Este episódio destaca a reação impulsiva de Pedro ao tentar defender Jesus pela força, contrastando com a submissão de Jesus à vontade do Pai e sua rejeição ao uso da violência. Jesus cura a orelha de Malco, demonstrando compaixão até mesmo por aqueles que vieram prendê-lo.

Esta passagem reforça o ensinamento de confiar na justiça divina e evitar a vingança ou o uso da força para resolver conflitos.

Os santos e doutores da Igreja também refletiram sobre essa verdade. Santo Agostinho nos ensina: “A vingança nos torna iguais ao nosso inimigo; o perdão nos torna superiores a ele.” São Tomás de Aquino reforça: “Deus, em Sua infinita justiça, retribui o mal no tempo certo, e não cabe ao homem tomar essa prerrogativa para si.” Já São João Crisóstomo nos aconselha: “Nada é mais poderoso do que a mansidão; ela conquista os corações e transforma até os mais duros.”

3. Oratio (Oração)
Senhor, tantas vezes meu coração deseja retribuir o mal com o mal. Ensina-me a confiar na Tua justiça e a entregar em Tuas mãos as injustiças que sofro. Que eu possa responder com amor e paciência, assim como Cristo nos ensinou. Amém.

4. Contemplatio (Contemplação)
Hoje, Deus me convida a descansar em Sua justiça. Eu não preciso carregar o peso da vingança, pois Ele é justo e age no tempo certo. Contemplo Seu amor e confio que tudo está sob Seu cuidado.

5. Actio (Ação)
Diante de uma injustiça que possa surgir hoje, escolherei confiar em Deus e não retribuir com o mal. Vou entregar a situação em oração e agir com amor, como Cristo me ensina.


Que esta meditação fortaleça nosso coração na confiança de que Deus é justo e que Seu amor transforma todas as coisas.